FALA DO PROFESSOR EURICO FIGUEIREDO, CHEFE DE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA DO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, NO MÊS EM CURSO (MARÇO DE 2003), POR OCASIÃO DA ENTREGA DO TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA AO EMINENTE

SOCIÓLOGO EVARISTO DE MORAES FILHO

 

Magnífico Reitor da Universidade Federal Fluminense, Professor Cícero Mauro Fialho Rodrigues, nesta sessão solene representado pelo Decano de nossa instituição, Professor Heitor Soares de Moura.

Ilmo. Senhores membros dos Conselhos Superiores da Universidade Federal Fluminense, senhores Proreitores, Diretores de Centro e de Unidades,

Ilmos. Senhores Chefes de Departamento, Coordenadores de Graduação e Pós-Graduação, Ilmas personalidades e autoridades aqui presentes,

Ilmos. Colegas, Funcionários e prezados alunos,

Ilma. Sra. Hileda  Flores de Moraes e Dr. Antônio Carlos Flores de Moraes que nesta cerimônia representam o homenageado, Professor Doutor Evaristo de Moraes Filho.

Meus senhores e minhas senhoras:

Em primeiro lugar, quero declarar que é com grande honra, incontida satisfação e muita alegria que, como proponente da outorga desse título de Doutor Honoris Causa, a mais alta láurea que a nossa instituição pode conferir a uma reconhecida  personalidade da vida nacional e internacional, utilizo da palavra para poder saudar o homenageado. Ele, por motivos de saúde, não pôde se fazer presente, deixando-se aqui representar, como já acima enunciado, pela sua esposa, Sra. Evaristo de Moraes Filho, e pelo seu filho, Dr. Antônio Carlos Flores de Moraes.

Em segundo lugar, quero registrar meus agradecimentos aos meus pares dos colegiados do Departamento de Ciência Política, do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia e do Conselho do Centro de Estudos Gerais que acolheram, por unanimidade, minha proposição. Esses agradecimentos são também extensivos aos componentes do Conselho Universitário que, na sessão realizada em 28 de novembro de 2001, resolveram decidir, finalmente, pela concessão deste privilégio acadêmico. Não poderia deixar de citar, ainda e entretanto, o meu colega e amigo, Professor Dr. Gisálio Cerqueira Filho que, como relator de minha proposta, e que também foi aluno do Professor Evaristo de Moraes Filho, tão gentil, elegante e generosamente, como sempre, abriu mão em meu favor da oportunidade de saudar o laureado.

 Em terceiro lugar, quero dizer, talvez para grande alivio da platéia, que procurarei ser breve e ir logo ao que, aqui e agora, é o mais importante: discorrer sobre o que, a meu ver, a outorga do título de Doutor Honoris Causa significa para todos nós. Faço a ressalva porque motivos não me faltariam para uma longa  intervenção, caso resolvesse dissertar, mesmo que concisamente, sobre a biografia do homenageado. No entanto devo socializar com os presentes minha admiração pelo Professor Evaristo de Moraes Filho, fornecendo-lhes apenas alguns dados de seu notável currículo. A simples enunciação deles permitirá a todos reconhecerem que o nosso Conselho Universitário – sempre atento às exigências do mérito - tomou sua decisão tendo como principal lastro a produção intelectual de um dos maiores mestres das ciências sociais brasileiras de sua geração.

O Professor Evaristo de Moraes Filho é membro da Academia Brasileira de Letras, Professor Emérito da UFRJ, tendo ocupado nessa última instituição os mais importantes cargos na hierarquia acadêmica, inclusive o de Professor Catedrático de Direito do Trabalho da Faculdade Nacional de Direito. Nessa mesma instituição foi ainda  fundador, Vice-Presidente e Presidente, por três mandatos consecutivos, do extinto Instituto de Ciências Sociais. Possui mais de dez títulos acadêmicos, sendo que três no nível de Doutor em áreas distintas: Filosofia, Direito e Ciências Sociais. Atuou – como Presidente, Secretário, relator e autor de anteprojetos diversos no âmbito jurídico e sociológico - em mais de 20 comissões ou conselhos instituídos por atos da União, tendo sido, inclusive, em 1986, membro da Comissão Afonso Arinos encarregada de redigir o Anteprojeto da atual Constituição brasileira. Ocupou  mais de 20 cargos como professor de nível superior, tanto na graduação como na pós-graduação, principalmente no âmbito público, mas também privado, como por exemplo, na PUC/RJ.  Participou, nos mais diversos estados, de mais de 20 bancas para a concessão de títulos de livre docência e doutorado, tendo assistido ou presidido muitas outras que examinaram candidatos  a Professor Titular nas mais prestigiadas instituições de ensino do país. Esteve presente, no Brasil e no exterior – como Presidente, relator, palestrante, conferencista, etc.- em mais de trinta congressos, simpósios, conferências, etc. É membro de 27 associações, conselhos e sociedades de caráter jurídico, sociológico, filosófico, literário, etc, tanto no âmbito nacional como internacional, além de cerca 20 distinções honoríficas. É detentor das medalhas Rui Barbosa, Clóvis Beviláqua e Teixeira de Freitas. Publicou 13 trabalhos na área de filosofia e critica, 12 na de história das idéias, 17 na de Sociologia e 43 na do Direito, fora uma extensa lista de participações em enciclopédias e livros de homenagem. Foi organizador, autor de notas introdutórias  e prefaciador de livros, que chegam a mais de meia centena nas diversas áreas do seu diversificado interesse intelectual. Traduziu obras do espanhol e do francês, e fez revisões técnicas de obras sociológicas e políticas traduzidas do inglês. Além dessas línguas, sua produção revela o franco domínio do italiano e do alemão. Seus artigos e ensaios sobre temas filosóficos, psicológicos, sociológicos, históricos, jurídicos e literários superam a notável marca de quase 300 títulos publicados. Começando a publicar desde muito jovem, o Professor Evaristo de Moraes Filho, hoje com 87 anos, continua plenamente produtivo, parecendo seguir o exemplo de Sólon que se deleitava, em idade avançada, de aprender coisas novas todos os dias. Em 1999 ele teve editado seu ensaio sobre Goethe e a Filosofia e, em 2001, lançou pela Topbooks, em versão revista e ampliada, a segunda edição de seu alentado estudo sobre as idéias fundamentais de Tavares Bastos, um liberal nos tempos do Império. Mas possivelmente os números desse sumário inventário estejam  aquém da realidade da trajetória intelectual do homenageado. Por exemplo, em seu currículo divulgado no anuário da Academia Brasileira de Letras, não consta a introdução que ele escreveu  para o livro deste interlocutor que aqui se dirige aos senhores e senhoras.   

Finalmente, tendo prometido concisão e brevidade, não quero me afastar de minha promessa: quero traçar, como espécie de fecho às  minhas considerações, algumas breves reflexões sobre alguns aspectos da honra da causa que, a meu ver, está no âmago da solenidade  de hoje.

Minha precária fala deve ser tomada como um depoimento perante meus familiares, amigos e colegas da vida universitária brasileira. Mas sendo pessoal, talvez incorpore também o testemunho de muitos companheiros de minha geração, alguns deles aqui presentes, e que, em nosso país, se engajaram na chamada  resistência democrática ao regime autoritário-militar, que teve vigência entre nós por 21 longos e sombrios anos. Muitos desses companheiros ficaram no meio do caminho, vitimados pela brutal e impiedosa repressão do sistema ditatorial e não posso deixar de aproveitar a oportunidade para saudá-los aqui in memoriam. A minha condição de recente anistiado político pelo Ministério da Justiça da República Federativa do Brasil, desde 19 de dezembro de 2002, pode por certo carregar inevitável carga impressionista. Mas perfilo-me entre aqueles que, defendendo as possibilidades da objetividade do conhecimento no campo das Ciências Humanas, descartam o mito da neutralidade científica. Assumo que falo com ira e paixão.

Conheci o Professor Evaristo de Moraes Filho em 1965 ao ingressar no curso de Ciências Sociais da antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, atualmente conhecida como UFRJ. Prevalecia no Brasil, desde 31 de março de 1964, a ordem autoritária e logo nos primeiros dias eu a minha turma pudemos sentir na pele o arbítrio dos poderosos, a canalhice dos oportunistas de sempre, a sordidez e o oportunismos dos intelectuais medíocres. Um desses era o Professor Eremildo Viana, engraxate das botas dos generais e de seus capangas, e que foi um dos que municiaram a guarda pretoriana da ditadura com denúncias forjadas e falsas acusações à honra e a dignidade de nosso homenageado. Mal tinha se iniciado o período acadêmico, minha turma logo se chocou contra um desses mestres do obscurantismo, a professora Vanda Torok, dando início a uma espécie de “greve branca”, em que todos os colegas se recusavam a assistir suas aulas por todo o ano letivo de 1965. Não tínhamos idéia de que ela era, também,  uma das adversárias mais implacáveis do nosso homenageado, eis que a Congregação do IFCS, com a recente e voluntária aposentadoria do Catedrático de Sociologia até então em exercício, Professor Hildebrando Leal, escolhera o Professor Evaristo para ser Regente da Cátedra, e não aquela aludida professora, que longe estava de exibir as suas altas qualificações. Não fui aluno do Professor Evaristo nem em 1965, nem no ano seguinte, mas ele já era, entre os jovens calouros, conhecido pela sua justa fama acadêmica assim como pelo seu amplo e legítimo prestígio intelectual. Foi somente no terceiro e quarto ano que pude ter o privilégio de ser um de seus estudantes. Juntamente com outros professores –como Manuel Maurício de Albuquerque, Francisco Falcon, José Luís Werneck, Marina São Paulo de Vasconcellos,  e ainda outros que se iniciavam na carreira docente, como Maria Stela Amorim, Rosélia Perissé Piquet, Ana Maria Castro- o Professor Evaristo manteve nesses tempos difíceis o compromisso com o saber acadêmico, com o julgamento crítico, com o pluralismo metodológico e teórico. Nesses tempos, nos dizeres de  uma daquelas jovens professoras acima referidas, Maria Stella Amorim, em recente solenidade em que o nosso laureado foi  homenageado pelo IFCS da UFRJ, o Professor Evaristo era visto sempre como  “o grande  conselheiro que não se furtava a apaziguar os ânimos, a encontrar difíceis caminhos, quase impossíveis para os demais”. Na verdade, ainda nas palavras de minha ex-Professora e minha atual amiga Stella Amorim, a quem muito admiro e estimo, o Professor Evaristo era percebido pela sua comunidade como um “tutor voluntariamente aceito na instituição, tanto para  a Diretora (do IFCS),  Marina São Paulo de Vasconcellos, sua grande amiga, como para professores, pesquisadores e alunos”. Nas suas aulas o Professor Evaristo se destacava pela sua erudição, pela elegância expositiva e o ardor com que analisava os problemas sociológicos, dando-lhes vigor e alma, tudo isso em consonância com o trato afável e generoso que dispensava aos seus alunos. Exibia ademais, como um surplus de sua personalidade,  um humor fino e ferino,  recheado de irônicas boutades, permeado por insinuações sutis, mas causticantes, em relação aos homens e as coisas da época. Tendo me formado em dezembro de 1968, logo no ano seguinte passei a dar aulas no IFCS. Além de mim, quatro outros colegas de turma haviam sido escolhidos pelos Professores Catedráticos e Regentes de Cátedra para iniciarem suas carreiras como professores auxiliares de ensino na UFRJ. A Professora Marina Vasconcellos indicou para a área de Antropologia Gilberto Velho e Yvone Maggie. O Professor Evaristo de Moraes Filho indicou para a área de Sociologia Jether Pereira Ramalho e José Jeremias Filho, enquanto o meu nome foi indicado pelo Professor Romeu Rodrigues Silva, Regente da área de Ciência Política. Iniciei, portanto minha vida acadêmica sob a tutela AI-5, editado em 13 de dezembro de 1968, pelo Presidente da República, Marechal Arthur da Costa e Silva. Tal ato, e outros que o sucederam durante todo o ano seguinte, encorparam ainda mais os ventos da repressão. Suspendeu-se o estatuto do habeas corpus  para crimes classificados como políticos contra a segurança nacional. Concedeu-se ao Chefe do Executivo o poder de intervir nos Estados e municípios e de colocar em recesso o Congresso, as Assembléias Legislativas e as Câmaras de Vereadores. Estrangulou-se de vez a liberdade de imprensa. Cancelou-se as garantias da magistratura. Os direitos adquiridos esfumaçaram-se: não havia mais estabilidade, inamovibilidade, nem vitaliciedade. Nos meses seguintes deu-se seqüência à temporada de caça às bruxas, cassando-se e prendendo-se políticos, juizes, militares, professores, jornalistas, profissionais liberais, enfim, cidadãos comuns. Levou-se  à prisão milhares de suspeitos, a grande maioria sem culpa legalmente formada.  Entre esse mês de dezembro e o de fevereiro de 1969, mais três outros atos institucionais foram editados, todos tornando ainda mais rarefeito o ar do ambiente político. Em  agosto, o  Presidente enviou  projeto de Reforma da Constituição de 1967, determinando que o Congresso, que reabriria em sete de setembro, o apreciasse, uma maneira cruel de dizer que ele deveria ser aprovado pela maioria dócil e abjeta dos congressistas que lá permaneceram, expurgados que foram a Câmara e o Senado de suas lideranças mais combativas e independentes. Em 29 de agosto, o Presidente Costa Silva sofreu uma trombose cerebral. No dia 31, impedindo-se o Vice-Presidente Pedro Aleixo de tomar posse, uma Junta Militar assumiu o comando do País: era o golpe dentro do golpe. No dia primeiro de setembro de 1969 o Professor Evaristo e Moraes Filho foi compulsoriamente aposentado de seus cargos docentes. Na esteira de suas amarguras e humilhações, viria a ignóbil prisão, sem culpa e sem causa.  Desprezaram  o brilhantismo de sua trajetória intelectual. Ignoraram seus concursos públicos, seus títulos, sua obra. Tinha 55 anos, e, agora, um futuro incerto, depois de tanto esforço, determinação e  exemplar dedicação à vida acadêmica. Como seu ex-aluno, na época seu jovem colega, só me era  permitido a solidariedade do soluço seco e da lágrima furtiva. Punia-se a sua independência ideológica, a sua dignidade de professor, a sua honestidade intelectual e moral, superiores valores espirituais do homem  e que, por isso, não têm preço na forma de matéria. Penso nos versos do grande poeta Virgílio porque pouco a pouco foi esse o trajeto trilhado pelo Professor Evaristo: tu ne cede malis, sed contra audentior ito. “Não te curve ao infortúnio, mas avance com maior coragem”. 

Ditadura e democracia. Mérito e Demérito. Hybris  e nemesis. Eis aí três pares de idéias ou princípios opostos entre si mas que servem para finalizar a minha intervenção. Ditadura e democracia, despojadas de suas tecnicalidades conceituais, apontam, essencialmente, no caso da primeira, para a forma de governo opressora e arbitrária, estabelecida pela força ou pela intimidação. Nela uma pessoa ou um grupo detém o poder político em detrimento da sociedade em geral. Resultante da imposição, ela não tolera a independência da opinião, reprime o pensamento criativo, censura, retiram do pensamento crítico sua seiva criadora. Do ponto de vista intelectual, busca se aproximar das almas pequenas e mesquinhas, dos espíritos bajuladores e covardes, das personalidades dogmáticas e fechadas em torno de si mesmas.  Para se sustentarem, as ditaduras promovem o demérito e retiram do mérito todo o mérito: buscam as pessoas medíocres, promovem os fracos, toleram o ordinário. Para usar a expressão do saudoso Presidente do Congresso Nacional quando da promulgação da  Constituição de 1988: “as ditaduras suscitam nosso asco”. Vivem sob a égide do que os gregos antigos denominavam do princípio da hybris: transgridem os limites que elas mesmas se impuseram, fundamenta-se na arrogância e na soberba, convivem com os excessos do seu próprio arbítrio. Baseando-se  no cerceamento da liberdade, se opõem as ditaduras radicalmente às democracias. Essas últimas são formas de governo que, desde sua primeira utilização no século V a.C. pelo grande historiador grego Heródoto, significa “o poder do povo”. Foi preciso o desenvolvimento de uma nova ordem econômica, o capitalismo, para que ela, a democracia, fosse ganhando seus contornos teóricos e práticos, a partir do século XVIII  e XIX. Foi, entretanto, somente no bojo dos grandes conflitos vividos pela humanidade no século passado, que o conceito foi adquirindo sua fisionomia contemporânea. No fundamental, e pelo menos do ponto de vista meramente descritivo, ela passou, em princípio e por princípio,  a se caracterizar pelo exercício do domínio civil sobre o poder do Estado, através da preeminência das instituições representativas e das liberdades públicas. Liberdade públicas: liberdade dos órgãos de opinião, liberdade de associação e de organização partidária, liberdade na escolha eleitoral, liberdade de oposição, rodízio livre do poder.A democracia busca, então,  o mérito, a começar pela transparência dos atos das autoridade e do acesso público às gestões do Estado. Vicejam, aí, os méritos. Os cargos na pirâmide estatal devem ser ocupados segundo as devidas competências e o próprio primeiro mandatário é o servo público número um, devendo prestar contas periódicas à sociedade, fonte legitima de onde extrai o seu poder. Claro está que as críticas de Marx a tal sistema não foram por terra: a igualdade formal não substitui a igualdade real. Se todos são iguais perante a lei, os mais ricos e poderosos são mais iguais entre si do que em relação aos mais pobres e destituídos que, em um país como o nosso, formam a imensa maioria de humilhados e ofendidos. Por certo a democracia que temos hoje não basta. E talvez nunca baste, até que os homens –macerados e curtidos pelas suas mais amargas experiências, como foi por exemplo a derrota do nazi - fascismo-  sejam capazes de descobrir, na dinâmica de seus choques de interesses materiais, fórmulas mais adequadas à convivência social. As democracias, então, quando ressurgem das cinzas das ditaduras, apelam ao princípio da nemesis grega. Correspondem a uma ação corretiva, visam restaurar, até mesmo através de um conjunto de severas punições e rígidas sanções, os excessos cometidos, as audácias destemperadas, as imoderação da intolerância. As democracias não podem se privar da utilização dos mais duros métodos e mecanismos de repressão para vigiar e punir os que transgridem ou transgrediram com o bem público. Por isso mesmo devem também ser capazes de inventar meios e processos para exaltar as virtudes cívicas, premiar os melhores serviços prestados à sociedade, valorizar o mérito.

Este momento é, portanto, de exaltação da democracia: as punições injustas impostas ao Professor Evaristo de Moraes Filho estão sendo de algum modo agora e aqui sendo reparadas e  recompensadas. A democracia reconhece o mérito e com isso fica para a lata de lixo da história o demérito dos poderosos de ontem. A nemesis se faz entre nós. Em momentos como esses meu amor e minha admiração pela minha querida Universidade Federal Fluminense, depois de quase trinta e três anos de serviços a ela  prestados, revigoram-se, animam-se e tomam mais forte e decidido alento. Enchem meu peito e meu espírito de sonhos ainda mais elevados, certo de que um dia teremos  um governo do povo, para o povo e pelo povo. Como disse certa vez Oscar Wilde, “o mapa do mundo estaria incompleto se nele não houvesse lugar para a utopia”. Digo, então, pensando principalmente nos alunos aqui presentes, e em especial em minha querida filha Deborah,  de 14 anos, como bradavam nas ruas os jovens de minha geração,  que a luta continua! E que eles, os mentores e asseclas da ditadura, ao contrário do que já fizeram no Brasil e alhures, aqui não passarão jamais!

Muito obrigado.