CIENTIFICISMO À BRASILEIRA: NOTAS SOBRE A QUESTÃO RACIAL NO PENSAMENTO SOCIAL

 

André Botelho*

 

Numa atitude característica da produção cultural de países periféricos, a intelectualidade brasileira da passagem do século XIX ao XX esteve mobilizada pelo problema da formação nacional. Esse interesse, contudo, estava sendo suscitado, no período, por dois processos sociais mais amplos em relação, aos quais, na verdade, o próprio pensamento social brasileiro do período se constituiu como corpo de conhecimento relativamente ordenado: a construção do Estado-nação e a modernização capitalista (IANNI, 1993: 433). E uma das principais vertentes em que se abriu, no período, o debate sobre a formação do povo e, consequentemente, sobre as formas de organização da sociedade, foi a chamada questão racial (BASTOS, 1996: 79).

Sob o influxo do naturalismo, em geral, e do darwinismo social, em particular, o biológico foi adotado no período como modelo epistemológico cientificamente legítimo de explicação da realidade social, configurando, assim, idéias como a de uma luta universal dos organismos pela sobrevivência e, derivação necessária, de uma hierarquia natural que dividiria a humanidade em raças superiores e inferiores. Tomando esses dogmas como leis científicas, não apenas a intelectualidade brasileira, mas a latino-americana em geral, formulou uma série de diagnósticos sobre o trágico destino reservado às nações egressas do sistema colonial em função das suas constituições étnicas – teses aprendidas no Ensaio sobre a desigualdade das raças (1853) do publicista do colonialismo europeu Arthur de Gobineau (1816-82).

No Brasil, a convicção de que a mestiçagem constituía a base particular da formação da sociedade já era, no entanto, mais antiga. Remonta ao naturalista bávaro Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), vencedor do concurso de melhor plano para a história do Brasil promovido, em 1840, pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Segundo von Martius qualquer definição do que seria o “brasileiro” deveria partir da fusão das três diferentes raças que aqui se encontraram:

 

Qualquer que se encarregar de escrever a História do Brasil, país que tanto promete, jamais deverá perder de vista quais os elementos que aí concorrerão para o desenvolvimento do homem.

São porém estes elementos de natureza muito diversa, tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber: a de cor cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e enfim a preta ou etiópica. Do encontro, da mescla das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular (MARTIUS, 1982: 87).

 

Até o final do século XIX, no entanto, o programa de von Martius formulado em “Como se deve escrever a história do Brasil” não encontrou muitos adeptos mesmo no âmbito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Neste, a orientação historiográfica predominante esteve centrada no político e no administrativo como formador da nação proposta, entre outros, por Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) em História geral do Brasil publicada entre 1854 e 1857. Coube, sobretudo, a Sílvio Romero (1851-1914) retomar o plano original do botânico. E, embora lhe faça algumas ressalvas, acaba mesmo por se propor a completá-lo do ponto de vista cientificista da sua época. Comentando o plano do seu antecessor, Romero observa  que, embora, contenha um “grande princípio moderno das nacionalidades”, isto é, o “ponto de vista etnográfico”, o programa de von Martius teria indicado apenas “em traços rápidos os diversos elementos do povo brasileiro” e, ainda sim, de maneira “puramente descritiva”, faltando-lhe, portanto, esclarecer o seu “nexo causal” (ROMERO, 1960: 60-1). Mas, como von Martius, Romero entendia que a história do Brasil é “antes a história da formação de um tipo novo pela ação de cinco fatores, formação sextiária em que predomina a mestiçagem. Todo brasileiro é um mestiço, quando não no sangue, nas idéias. Os operários deste fato inicial têm sido: o português, o negro, o índio, o meio físico e a imitação estrangeira” (IDEM, 1960: 53-54).

A partir de Romero existiriam ao menos duas posições básicas distintas a respeito do tema da raça que vinha ordenando a produção intelectual brasileira: partindo ambas da miscigenação, uma tomando como premissa a idéia de que ela levaria à esterilidade senão biológica, cultural ao menos, sustentava a inviabilidade do país frente a qualquer esforço de civilização; a outra posição procuraria justamente nos libertar dessa suposta condenação, apresentando, para isso, um tipo de terapêutica étnica que assegurasse o gradual predomínio dos caracteres brancos sobre os caracteres negros na nossa população miscigenada: a chamada teoria do branqueamento (SKIDMORE, 1989; ARAÚJO, 1994; VENTURA, 1994). Além de ideologia discriminatória baseada no dogma da supremacia das supostas “raças arianas”, o gradual “embranquecimento” da população brasileira foi pensado por seus artífices como um mecanismo normativo capaz de assegurar a coesão ou unidade étnica do país. Como acreditava Sílvio Romero, um dos seus principais entusiastas, a redenção étnica do país se daria da seguinte forma: “O tipo branco irá tomando a preponderância, até mostrar-se puro e belo como no velho mundo. Será quando já estiver de todo aclimatado no continente. Dois fatos contribuíram largamente para tal resultado: de um lado a extinção do tráfico africano e o desaparecimento constante dos índios, de outro a imigração européia” (ROMERO, 1978: 55).

Embora sejam conhecidas as pretensões com que Gilberto Freyre procurou estabelecer Casa-grande & senzala (1933) como o primeiro estudo de caráter sociológico a romper com a lógica racial característica até então da nossa produção intelectual, permanece ainda como controvérsia se o autor teria abandonado, de fato, a utilização da categoria raça, ou mesmo se teria distinguido seu emprego da de cultura (BASTOS, 1986; LIMA, 1989; ARAÚJO, 1994). Controvérsia presente em grande parte nas análises das interpretações do Brasil formuladas até meados dos anos 30 (VENTURA, 1994), e que, aliás, também esta presente no debate latino-americano em geral sobre o período (FELL, 1994; MARTÍNEZ-ECHAZÁBAL, 1996).

No caso brasileiro não faltam, inclusive, reivindicações da precedência de outros autores no que diz respeito a distinção entre as idéias de raça e cultura. Para Thomas Skidmore, por exemplo, a operação teria cabido a Capítulos de história colonial (1907) de Capistrano de Abreu (1853-1927) (SKIDMORE, 1989: 120); Já Roberto Ventura observa que Tobias Barreto (1839-1889) apesar de ter negado a existência da ciência social, de um método e de um objeto próprios a ela, ainda assim teria rejeitado pioneiramente a assimilação do social ao biológico como estruturas homólogas (VENTURA, 1994: 155). José Paulo Paes, por sua vez, considera que embora Graça Aranha (1868-1931) não tenha conseguido se desvencilhar inteiramente da noção de raça, a utilizou apenas como “categoria instrumental”, o que faria de Canaã (1902) obra de “desmascaramento ideológico” do racismo (PAES, 1992: 93). Aos nomes acima citados seria preciso ainda acrescentar pelo menos o de Manoel Bomfim (1868-1932) que, segundo diferentes intérpretes, soube, em meio a contracorrente, educar sua perspectiva na figuração das relações sociais, filtrando em alguns pontos decisivos o influxo naturalista predominante no seu tempo (ALVES FILHO, 1979; BOTELHO, 1997; AGUIAR, 2000). 

Voltando a passagem do século XIX ao XX, não basta, no entanto, considerar que a adoção do naturalismo, organicismo ou evolucionismo – celebrizada na frase “um bando de idéias novas sobrevoou sobre nós” de Sílvio Romero – tenha sido simplesmente servil ou mecânica. É preciso reconhecer ainda que, do ponto de vista das elites intelectuais brasileiras, a adoção dessas teorias também representava uma possibilidade de atualização e modernização da produção intelectual local em relação à certas vertentes do pensamento filosófico e científico dominantes na época, sobretudo, na Europa (BOTELHO, 1997: 52). O “naturalismo e o cientificismo”, observa Roberto Ventura, “tiveram, no Brasil, papel semelhante à Ilustração na Europa no século XVIII, ao trazer um saber secular e temporal, afastado das concepções religiosas” (VENTURA, 1991: 12). De modo que, como sugere, por sua vez, Roberto Schwarz, não “há dúvida quanto ao ímpeto de luta das convicções evolucionistas, que arremetiam contra o providencialismo católico e a idealização da ordem tradicional” (SCHWARZ, 1997: 114).

Não se pode perder de vista, assim, que a adoção do naturalismo pela intelectualidade brasileira estava associada também, num certo sentido, à expectativa de que a “ciência” fundaria um tipo de autoridade mais racional e civilizada do que a “patronagem”: “A sua terminologia, tão prestigiosamente moderna quanto estranha à vida corrente, anunciava rupturas radicais; prometia substituir o mecanismo atrasado da patronagem oligárquica por espécies novas de autoridade, fundadas na ciência e no mérito intelectual” (IDEM, 1990: 143). E também aqui o caso emblemático é mais uma vez Sílvio Romero que, no prólogo da primeira edição da sua História da literatura brasileira: contribuições e estudos gerais para o exato conhecimento da literatura brasileira (1888), procura equacionar sua proposta de estudo científico da literatura brasileira ao seu empenho pessoal na causa abolicionista (ROMERO, 1960: 33-48).

Cultivados na atmosfera modernizante dos anos finais do Império no Brasil, os intelectuais da chamada geração modernista de 1870 vislumbraram na sintonia do pensamento brasileiro aos discursos filosóficos e cientificistas dominantes da época, a possibilidade de demonstrar sua própria modernização. O período, com efeito, é marcado de tal modo por transformações econômicas, políticas, sociais e culturais que em parte confere sentido histórico à perseguição de um ideal de modernidade por parte da intelectualidade brasileira (IANNI, 1992). Importante relevar que neste processo mais amplo de transição social, os intelectuais do período viveram uma profunda tensão entre a herança dos valores paternalistas herdados e a convicção modernizadora dos valores burgueses em ascensão. Essa tensão, acentuada pelas ambigüidades sociais próprias ao funcionamento incompleto de um padrão burguês no país, marcou objetiva e subjetivamente a produção intelectual do período e esteve presente na própria institucionalização das Ciências Sociais décadas mais tarde. É claro que a perspectiva dos autores da geração modernista de 1870 em relação ao naturalismo não foi unívoca, ainda que suas distintas inserções ideológicas não tenham em geral constituído propriamente um obstáculo para o plano do procedimento metodológico, dada a imposição de modo quase convencional nas análises da sociedade brasileira do período de um “método histórico-genético” (RÊGO, 1993: 168).

Todavia, embora a adoção do biológico, assim como da sua correspondente perspectiva determinista racial, possam exprimir genericamente a tentativa de atualização do pensamento brasileiro ao discurso cientificista dominante da época, o ponto fundamental do problema é que essa modernização se realizou através da própria naturalização da nossa herança colonial e das relações sociais que, tendo por base a experiência de três séculos de escravidão, estruturaram a sociedade brasileira. Como observou a propósito Roberto Schwarz:

 

Ao converter-se à visão cientificista, e sobretudo à terminologia correspondente, o escritor “modernizado” abria mão da inteligência das coisas depositada na linguagem comum, na lógica do cotidiano, na prática política e nas regras da inserção social dele mesmo. Ou melhor, relegava a plano secundário o que sabia por experiência própria e alheia a respeito do funcionamento do país. Em troca adquiria uma superioridade duvidosa, para qual contribuíam o culto à Ciência e ao Progresso, mas também a credulidade tradicional e a admiração primária pelo palavreado impronunciável. A descontinuidade mental introduzida por essa reforma do espírito, que não foi a última de sua espécie, merece reflexão. Ao menos em parte ela repunha, com fachada de teoria, a fratura social que em tese a Abolição devia superar [...] a ala cientificista de nossos críticos, diante do auto-exame social a que a dissolução da ordem escravista convidava, foi buscar autoridade e recursos intelectuais na miragem da ciência européia, assimilada em variante degradada, quase supersticiosa (SCHWARZ, 1997: 113).

        

Por isso, na mesma medida em que aguçava as aspirações do moderno, a  adoção do naturalismo por parte da intelectualidade brasileira expunha, as fraturas e ambigüidades da nossa realidade social. O uso provinciano da ciência revelava a própria apropriação oligárquica do moderno no plano das idéias, o que, de certa forma, sintetiza um caminho brasileiro para a modernidade (IDEM, 1990: 159). Nesse sentido, a explicação do modo pelo qual foram adotadas as teorias do racismo científico por parte da intelectualidade nacional esta relacionada, no limite, ao vínculo ambíguo da escravidão numa economia capitalista e com o modo conservador e retrógrado pelo qual o Brasil rompeu com o estatuto colonial e entrou para o concerto das nações independentes (NOVAIS, 1984: 6). Em suma, parafraseando Roberto Schwarz, pode-se dizer que tratava-se de incorporar “idéias necessárias à construção da jovem pátria, mas isto sem quebra da ordenação social e econômica formada na colônia, tráfico negreiro e trabalho escravo inclusive, ordenação sobre a qual repousariam a liberdade e a prosperidade nas novas circunstâncias (SCHWARZ, 1993: 20).

Com a Abolição, como sugeriu Florestan Fernandes, as inovações institucionais e a liberalização jurídico-política ficaram circunscritas apenas à adaptação da grande empresa agrária ao regime de trabalho livre e às relações de troca no mercado de trabalho que ele pressupunha. No mais “continuaram a imperar os modelos de comportamento, os ideais de vida e os hábitos de dominação patrimonialista, vigentes anteriormente na sociedade estamental e de castas” (FERNANDES, 1965: 25-6). Não se trata, no entanto, de duvidar que o discurso do racismo científico tenha sido carente de função. Nesse sentido, pode-se dizer que no contexto da desagregação da ordem escravocrata o racismo científico procurou transfigurar a experiência social da escravidão sob a qual nos formamos em dados meramente naturais equacionáveis cientificamente; daí ter constituído exatamente uma “aparência socialmente necessária” da própria escravidão. Pois “a ideologia é ideologia, ou seja, aparência socialmente necessária, precisamente porque a consciência que produz nos integrantes da sociedade se atém à sua forma já acabada - a única que aparece. Essa forma acabada é produto de um processo complexo, mas não aparece como produto e sim como dado original e, no limite, natural. A eficácia da ideologia reside na sua capacidade para vedar o acesso aos resultados da atividade social como produtos, mediante o bloqueio da reflexão sobre o modo como foram produzidos” (CONH, 1986: 11).

Trata-se, assim, de se qualificar o mecanismo social de apropriação oligárquica no plano das idéias, fundamental numa sociedade formada sob a escravidão, cuja complexidade, como a matéria que o pensamento brasileiro trata de ordenar, não se presta a simplificações demasiado ordeiras não raro presentes nas análises do tema. Na medida em que desempenhou papel decisivo na desarticulação do debate da questão social no contexto da desagregação da ordem social escravocrata, a ideologia do racismo científico constitui um dos casos mais emblemáticos dessa combinação do moderno no plano das idéias – a ciência e seu horizonte democrático - a objetivos conservadores – o legado da escravidão - no plano social, quer no pensamento social brasileiro da passagem do século XIX ao XX, quer nas relações sociais em geral.  E ainda hoje, uma vez que a ideologia racial transfigurou o cativo em “negro” ou “mulato” (IANNI, 1962: 285; IANNI, 1978; BASTOS, 1996: 93).

 

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Resumo:

O artigo aborda sinteticamente a questão racial no pensamento social brasileiro da passagem do século XIX ao XX. Chama a atenção para o fato de que a adoção do biológico como modelo explicativo do social pela intelectualidade brasileira da chamada geração modernista de 1870 representou uma certa atualização do pensamento brasileiro à determinadas vertentes científicas e filosóficas dominantes na Europa da época. Discute a idéia de que tal modernização se deu, no entanto, em detrimento do debate da questão social no contexto de desagregação da sociedade escravocrata, o que implicou num tipo de naturalização das relações sociais que, tendo por base a escravidão, estruturaram a sociedade brasileira do período.

 

Palavras-chave: raças – cientificismo – escravidão – ideologia racial



* Doutor em Ciências Sociais (UNICAMP) e membro do Centro de Estudos Brasileiros da UNICAMP.


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