CORDEL EM HOMENAGEM AO PROFESSOR  LUIZ DE CASTRO FARIA (1913 -2004)

 

                                                                                     Felipe Berocan Veiga*

 

                     

 

 

O PROFESSOR EMÉRITO

 

Vou abrir essa toada

Cantando com alegria

A vida do professor

Luiz de Castro Faria

Um pensador incansável

De nossa antropologia

 

Mil novecentos e treze

Em São João da Barra nasceu

Foi aluno do São Bento

E um diploma mereceu

Depois na Praia Vermelha

Num concurso se inscreveu

 

Edgar Roquette-Pinto

Foi quem fez a argüição

Podia ter dado zero

Pela resposta à questão

Sobre o que não estava escrito

Na prova de seleção

 

Assim que Castro Faria

Muito bem se defendeu

Roquette-Pinto gostou

E um dez logo concedeu

Aprovando sua entrada

Para estágio no Museu

 

Museu Nacional que fora

Imperial moradia

Na Quinta da Boa Vista

Área de Antropologia

Heloísa Alberto Torres

Era quem lhe dirigia

 

Foi então que em 37

Partiu para a expedição

De Claude Lévi-Strauss

Por estradas do sertão

Chegando à Serra do Norte

No meio da imensidão

 

Cruzaram de todo jeito

Floresta, cerrado e rio

Seringal, garimpo, aldeia

Nessa viagem febril

Nambiquaras e tupis

Encontraram no Brasil

 

Faz Castro etnografia

Da habitação popular

Do embarque em pescaria

E da vida em alto-mar

Dos mercados na Bahia

E cerâmica karajá

 

 

 

Fez Castro arqueologia

Explorando nas areias

Das praias catarinenses

Os vestígios das aldeias

Nas jazidas de Laguna

De sambaquis sempre cheias

 

Pensando Euclides da Cunha

Um sertanejo valente

Seu cérebro sobre a mesa

Do professor nunca mente

Que é conhecedor profundo

Do que pensava essa gente

 

De Oliveira Viana

Obra e metodologia

De Edgar Roquette-Pinto

A nacional pedagogia

E de Augusto dos Anjos

As moneras da poesia

 

Foi a Cambridge, Inglaterra

E Musée de l’Homme em Paris

Lá na França foi bolsista

Da Unesco mas não quis

Curvar-se ao colonialismo

Cultural desse país

 

Voltou e em 53

Participou da primeira

Reunião dos antropólogos

Da nação brasileira

Com Heloísa, Egon Schaden,

Bastide e Oracy Nogueira

 

 

 

 

Baldus, Thales de Azevedo,

Galvão e Darcy Ribeiro,

Bastos d’Ávila, Altenfelder,

René e Édison Carneiro

Cardoso e Mattoso Câmara

Zés Bonifácio e Loureiro

 

Depois disso, eles fundaram

A Associação Brasileira

De Antropologia, a ABA,

Na qual ocupou primeira

Gestão o professor Castro

Orgulho em sua carreira

 

Foi diretor do Museu

Escute você agora

Castro foi quem fez o laudo

Que pedia sem demora

O enterro das cabeças

De Lampião e senhora

 

Professor da Fluminense

É mentor à revelia

Da Escola Galo-

Fluminense de Antropologia

Onde o índio Araribóia

Teve a sua sesmaria

 

Da etnologia até

O estudo regional

O Brasil da teoria

E pensamento social

O emérito professor

Sabe ensinar sem igual

 

 

 

 

Casado com a prima Elza

Também da terra campista

Ambos contrariam o adágio

“Nem a prazo nem a vista”

Tanto a vista quanto a prazo

Castro é grande cientista

 

Luiz de Castro Faria

Não é homem que se esqueça

O seu pensamento vivo

Todo dia recomeça

Castro é oito e oitenta

E deu tigre na cabeça

 

 

    *Seu aluno, Felipe Berocan  Veiga,

    05.07.2001

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