GARCILASO DE LA VEGA: A VIVÊNCIA DO CONFLITO DE IDENTIDADE DE UM INCA

 

Laudicea de Souza Pinto *

&

Mariléia Franco Marinho Inoue **

 

1. Introdução

 

A idéia deste trabalho surgiu diante da constatação que são poucas as análises a respeito de identidade  na relação interétnicas entre incas e espanhóis. Por isso, escolheu-se fazer a análise do conflito de identidade que marca o texto Comentarios reales de Garcilaso de La Veja, publicado em Lisboa pela primeira vez, em 1609. O texto trata dos “Incas”, das suas formas de vida, dos seus costumes, dos acontecimentos que mais marcaram suas vidas.

 

         Segundo apresentação feita pela editora Mercúrio S/A; do Peru, responsável pela publicação da obra, em 1970, desde que foi publicada pela primeira vez, em 1609, permaneceu proibida sua edição e distribuição por ordem do Conselho das Índias e pela Inquisição, por 200 anos.

 

                A importância deste relato, e que o determinou como opção de análise, se faz por ser Garcilaso de La Vega um descendente do povo Incaico, pela linha materna, e descendente de um nobre espanhol, pela linha paterna. Seu pai não aceitou casar com sua mãe. Durante muito tempo Garcilaso usou o nome de Gómez Suárez de Figueroa. Ele nasceu em 1539, e durante 20 anos conviveu com os parentes maternos, aprendendo o “quechua” e os costumes incas. Depois, foi levado à Espanha, onde assimilará a religião católica e os valores europeus.

 

         Exatamente aí se coloca a originalidade e interesse dos seus escritos. As diferentes possibilidades do choque cultural entre os valores incas e espanhóis se colocam abertamente no texto, que vão da recusa à aceitação da representação do “Inca”. A luta interna entre “O Inca”, pela sua origem, e o “europeu”, por formação intelectual e religiosa, aparece em sua obra pelo menos nos Comentarios reales, servindo de base para se entender a dominação ideológica e religiosa empreendida inicialmente pela invasão espanhola e consolidada na colonização.

 

         São duas formas poderosas de representação social e de identidade: inca e européia, que marcaram cada parágrafo escrito. O desafio é identificá-las.

 

 

2. A identidade: algumas questões

 

Hoje vivemos uma realidade social em que os avanços tecnológicos chegam, pelo menos enquanto notícia, a maior parte do globo terrestre através do progresso dos meios de comunicação.

 

Para muitos, isto é presságio de homogeneização cultural, na medida em que os valores e a ideologia, que acompanham as técnicas, vão sendo disseminadas para cumprir o seu papel de reprodutores  de um sistema econômico hegemônico. Sem, no entanto diminuir as distâncias econômicas entre os países.

 

         Se recorrermos ao poeta brasileiro que diz “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, colocamos uma questão que tanto abrange o homem coletivo quanto o afeta como ser individual.

 

         Ter que responder o “que somos” ou o que “se é” revela, conseqüentemente, a tensão entre a realidade que se expressa como a verdadeira face historicamente  construída, e a que não se construiu a partir de um fato histórico que desviou um processo de desenvolvimento da sua própria história para outros caminhos, ou outra “história”. É o caso dos povos que invadidos pelos colonizadores tiveram suas culturas destruídas e seus estados, Inca, por exemplo, desmontados.

 

         A mesma tensão revela, não o que se teria, mas a crise de identidade que se pode observar na tentativa dos povos diante da consciência amarga da colonização, ou das formas modernas de imperialismo, de buscar na própria história as suas origens e raízes culturais que os tornam distintos e específicos.

 

         Em relação a um grupo social ou a uma etnia [1] , “identificar seria, num primeiro momento, singularizar”, retirar do tempo e do espaço os elementos que o tornam singular. Num segundo momento, seria revelar através da memória histórica aqueles elementos que não se perderam, que persistem através de uma certa duração.  A memória histórica surge com o poder secreto de um “diário” que, desvelado, conta ao mundo a força de seus mitos de origem, sua grandeza e decadência.

 

         Indivíduo ou ser coletivo, na tomada de sua identidade, pressupõe de imediato a consciência de sua singularidade, mas a crise de identidade que pode ser detectada não se esgota nela. A identidade é também o que não se tem, o que falta por que nunca se teve ou porque se perdeu. A idéia de que falta algo, independente dos motivos, carrega um peso de valor. A importância deste valor poderá, por sua vez, se avaliada pela extensão do sofrimento que a  ausência do elemento ou qualidade possa causar.

 

          A partir da idéia de consciência individual e coletiva em Durkheim [2] nos restará a noção de representação. O indivíduo e a sociedade fazem deles mesmos imagens que a coesão moral cuidará de evitar, tanto quanto possível, os comportamentos anômicos que possam surgir dos distanciamentos entre o que se é e o que somos coletivamente.

 

         Cada indivíduo, através dos diferentes processos sociais interioriza os significados dos diferentes papéis sociais que fazem parte do seu universo social. Ser homem ou mulher, trabalhador ou vagabundo, pobre ou rico, etc.

 

         Aliado a isto, interioriza como reagir e enfrentar as mudanças, mesmo inconscientemente. O processo de socialização funciona como um mecanismo capaz de fazer com que cada um internalize como seu os valores, as normas sociais, os sistemas cognitivos ao seu alcance e as expectativas de comportamento.

 

         Todas as significações são imagens sociais que participam da construção histórico-social da identidade de cada um, que sempre precisa ser vista, por ser histórico-social, dentro de uma realidade dinâmica.

 

         Os indivíduos assim  constituídos o são por fazerem parte de uma coletividade social e seu desenvolvimento só pode ser entendido dentro das relações aí estabelecidas. É através da participação dos sistemas de crenças e de expectativas de comportamento que cada um de nós se desenvolve e se constrói. Se faz. Se torna sujeito.

 

         Em contrapartida, a realidade coletiva ou social, como diz Villoro [3] se constrói

 

“num modo de sentir, compreender e atuar sobre o mundo e por formas de vida compartidas, que se expressam em instituições, comportamentos regulados, artefatos, objetos artísticos, saberes transmitidos, em suma pelo que entendemos por uma cultura”.

 

Por isso, falar em identidade é falar em cultura.

        

Quando remetemos a  questão da identidade a relação entre colonizado e colonizador vemos como os dois princípios constitutivos – a singularidade de certos elementos e a ausência de outros – são usados para legitimar e justificar a dominação de um povo sobre outro.

 

         Também há de se ficar atento à aplicação deste conceito. Se quem usa o faz em relação a um grupo social ao qual não pertence, poderemos estar diante do esforço de identificação de uma etnia ou de legitimação de sua presença; se ao contrário, há um pertencimento ao grupo social temos uma reflexão sobre a cultura de origem.

 

         Estas duas possibilidade se encontram no texto de Garcilaso de La Vega, com as ambigüidades pertinentes criadas por um “inca” que se tornou espanhol e católico.

 

 

3.      O texto: a mediação entre um inca e um espanhol

 

A obra Comentários reales que trata das formas de vida, costumes, sucessões, guerras, etc. da sociedade Inca, até a chegada dos primeiros espanhóis, relata 500 anos de fatos – 1000 a 1532 – distribuídos em nove livros,  em três volumes. Grande parte das lendas, tradições e fatos foram recolhidos por Garcilaso de La Vega utilizando seu conhecimento da língua quechua para obter informações dos parentes, descendentes incas e vizinhos, no Peru.

 

Iniciando, o autor esclarece algumas conclusões tiradas de suas experiências acumuladas nas viagens: a Terra tem vários climas; é redonda [4] ; há antípodas, já que a Terra é redonda, mas como não conhecemos o mundo todo, não sabemos onde estão [5] .

 

         Paralelamente a racionalidade científica, o que  marca de forma definitiva o seu relato é a ideologia religiosa.

 

A representação do tempo é feita numa divisão por idade, para se entender a idolatria, vida e costume dos “índios del Peru”. [6]

 

Na primeira idade imperaria a barbárie e a idolatria: “Unos indios habiam pocos mejores que bestiam mansas, y otros muchos peores que fieras brabas”. [7]

 

     Ainda na primeira idade é necessário distinguir os que adoravam o que não lhes trazia proveito e os que adoravam somente o que lhes trazia algum benefício (os quatro elementos, o mar, peixes, árvores frutíferas, etc.).

 

“Conforme a la villeza Y bajeza de suos dioses era también la crueldade y barbarie de los sacrificios de aquella antigua idolatria...” [8] . Esse trecho relaciona a qualidade dos sacrifícios: cruéis, bárbaros, inumanos, etc. Um Deus grande e verdadeiro não exigiria sacrifícios.

 

Por moradia e proteção usavam grutas, troncos de árvores, covas debaixo da terra, etc. “Mesmo os mais civilizados tinham seus povoados sem ordená-los em torno de praças, ruas ou casas, parecendo mais um depósito de bestas [9] . Corresponderia ao período pré-incaico.

 

     Para Wachtel esse período em Garcilaso de La Vega corresponderia “em resumo ao caos original [10] .

 

Os Incas fundam a segunda idade da história do Peru. Eles ordenaram o caos e transformaram os nativos em homens mais “civilizados”, ensinando regras morais (proíbem o incesto e o adultério), disciplinando-os para o trabalho, treinando-os para as diversas atividades - construção de casas, caminhos, pontes, fiação de tecidos, higiene de local de moradia e pessoal -, criando normas punitivas - homicídio e roubo são castigados com a morte - e, principalmente mostravam a necessidade de que abandonassem a idolatria e tomassem o Sol como seu Deus.

 

Os Incas teriam um papel de intermediários e preparadores dos nativos que lá viviam antes deles, para a chegada dos espanhóis e da fé cristã e para a aceitação de um Deus único e verdadeiro.

 

“Se notado, cuanto mais pronto y ágiles estaban para recibir el evangello os índios que los reyes incas subjetaron, governaron y encenaron, que,  las demás naciones, donde aún no habia ilegado la ensañanza de los incas, muchas de las cuales estan hoy tan bárbaras y brutas como antes estavan, a pesar de 71 anos que los españoles entraron en el Peru [11] .

 

 

         A terceira idade, que segundo Wachtel, mesmo não sendo explicitada por Garcilaso, de La Vega fez parte de sua construção histórica peruana para a fé cristã, obra começada pelos incas e que seria completada pela evangelização espanhola. A função dos incas, como está nos Comentários Reales, era abrir caminho para o cristianismo e catolicismo espanhol, o que teria sido feito durante toda a segunda idade através das ações de cada Inca segundo o relato dos três volumes que formam a obra.

 

A tradição cristã divide  o tempo em antes de Cristo (ª C.) e depois de Cristo (d. C.) e entre estas duas etapas há uma série de precursores de Jesus Cristo, preparadores de sua vinda e ensinamento, tendo em João Batista a sua figura mais importante.

 

A divisão por idades de Garcilaso, por analogia, segue o mesmo esquema: primeiro, um período que corresponderia a total ausência de ensinamentos superiores ou espirituais - os nativos são comparados a bestas e feras. Segundo, um outro que lhe sucederia com a incumbência de trazer os primeiros raios de luz à escuridão – o Inca materializa a idéia e a simbologia de João, incutindo a noção do Deus “único” e da “imortalidade da alma”. É um período de mediação entre o nativo e o evangelho de Cristo. “Alcanzaron la inmortalidad del ánima y la resurrección universal” e “creian que habia otra vida después de ésta, con –pena para los malos y descanso para los buenos". [12]

 

E por fim o Terceiro Período corresponderia a  chegada de Cristo através de seus fiéis seguidores, que  trariam a palavra de salvação para os que estão prontos  para ouvi-la e segui-la. A invasão espanhola é legitimada  através da necessidade de se salvar as almas.

 

Garcilaso de la Vega, por um lado, representante do etnocentrismo espanhol, interpretou a história peruana na visão católica e cristã européia; por outro lado, fez-se representante do etnocentrismo Inca e apenas “O Inca” poderia  realizar os desígnios de João Batista.

 

O espanhol e o Inca em Garcilaso se manifestaram em vários momentos de sua obra, como por exemplo quando analisou a origem dos Incas, os reis do Peru [13] . Se rei é uma categoria européia, como as outras categorias usadas por ele para interpretar o mundo - império, conquista espanhola, cidade imperial, casas reais, sangue real, príncipe, princesa, índio, etc. -, é na língua materna “que es la del inca” e não “ ajena, que es la castellana” que busca el verdadero sentido de ellas, que es lo que conviene a nuestra história a (incaica)”. [14]

 

Ainda neste ponto ressurge o orgulho de sua origem inca. Fazendo a história oral de seu povo, ouvindo descendentes, conhecidos, parentes na pesquisa e levantamentos de dados para a sua obra, concluirá que o “Inca, seu tio”, um dos irmãos de sua mãe,  lhe contou uma história sobre os acontecimentos em torno da Lagoa Titicaca, de onde saíram os filhos do Sol e para a fundação de Cuzco. Envolvendo-os em um sentido.  Enquanto os outros o que lhe disseram “Más parecem sueños o fabulas mal ordenadas, que sucesos históricos” [15] .

 

Várias vezes declarou “que soy índio Inca [16] , o que o qualificava para entender melhor que o espanhol os costumes e valores do povo peruano. Pachacamac, que seria “o que ánima ao Universo” teria sido tomado por Pedro de Cieza como demônio. Somente um inca para compreender Pachacamac como o princípio do Universo.

 

Segundo Garcilaso, entre os incas, já havia a noção de Deus abstrato, que não se vê, não se conhece, a quem não faziam templos e nem lhes ofereciam sacrifícios, mas o adoravam em seu coração como criador de todas as coisas [17] . Mesmo uma cruz, que teria pertencido aos Incas em Cuzco, teria sido vista por ele, em 1560, na sacristia da Catedral desta cidade.

 

São os sinais da “superioridade”  espanhola que já existiam nos incas. Apesar da “conquista” os incas não seriam obrigatoriamente “inferiores”. O sentido de sua história o provaria.

 

A noção européia de trabalho, centrada na necessidade  de acumular, entra em choque com a de outra cultura ligada a  necessidade imediata diante da vida. Assim, Garcilaso de la Vega, chamará atenção para o fato de que na primeira idade, mesmo em terras férteis não se tirava da terra nada além do que fosse necessário para o sustento, “mas os incas eram  trabalhadores e industriosos [18] .

 

É um costume católico ao querer se afirmar ou dar cunho de verdade ao que se fala, fazê-lo em nome de Deus e da Cruz, mas a dignidade do povo inca é ressaltada por Garcilaso de la Vega quando afirmou que “o Inca não soube jamais o que era jurar, como queriam os Juízes espanhóis ao tomarem a Cidade de Cuzco, pelo simples fato de que não sabiam mentir e que entre eles bastava a palavra uns dos outros [19] .

 

 

4. Conclusão

 

As conquistas Incas, no espaço físico andino, preparavam no plano espiritual a vitória da verdadeira fé, de acordo com Garcilaso de la Vega. Mas, o processo de evangelização expulsou o inca do paraíso. Desencadeando o desmantelamento de seu estado e de sua organização. Se existia uma historiografia espanhola que justificava a violência de sua “conquista”, descrevendo o governo inca como cruel e tirano, Garcilaso de la Vega nos três volumes exalta o sentimento de justiça dos chefes incas. Nesse sentido seria uma obra contraditória em relação à crueldade da colonização. Wachte l [20] chama a atenção para o fato de que Garcilaso de la Vega se opõe a realidade da dominação espanhola no Peru com uma visão conciliadora das suas próprias contradições.

 

Independente da interpretação deste autor, as formas de representação que se manifestam em Gacilaso de la Vega através de sua obra não se esgotam numa visão contemplativa estética-religiosa dos destinos da humanidade” [21] , mas o que é específico na história do Peru destaca o que fazia do inca, uma identidade particular, enfatiza as diferenças que lhes desenha o contorno e dá sentido e significação. “Identidad es lo que nos identifica a nosotros e identifica a los otros, de manera distinta [22] .

 

Segundo Balcárcel, as características que constituem e diferenciam as identidades, longe de permanecerem alheias as relações sociais em concreto, se vinculam e são produto dela enquanto tais, como significações e conotações determinadas em geral, que ao mesmo tempo as particularizam ao diferenciá-las e distingui-las das demais, das outras e de outros.

 

Estão presentes em todas as formas de ação, sistemas de pensamento, na comunicação entre os homens, nas crenças, ideologias, etc.

 

Garcilaso de la Vega, “O Inca”, do violento choque entre duas culturas diferentes se incumbe de destacar os elementos que delineiam  a configuração da identidade inca, ao mesmo tempo em que se debate numa crise onde, através da ideologia religiosa, interiorizada na Europa, observa a hegemonia da cultura espanhola que fez dele um intelectual – considerado brilhante por muitos autores - católico e cristão e, nesse sentido, protagonizou sua própria ambigüidade e se fez partícipe na reprodução dos valores que garantiram aquela hegemonia. Evangelizar é a senha que abre as comportas de sentimentos de pertencimento a um grupo social pela aceitação da representação simbólica religiosa européia. Legitima e interpenetra a necessidade da conquista como um instrumento capaz de levar a salvação às almas pecadoras de seus irmãos. Os incas teriam preparado na terra a possibilidade desse evento enquanto mediadores entre o Céu e seus contemporâneos. Era a vez dos incas de efetivamente receber o tributo da cristianização espanhola, que segundo Garcilaso de la Vega, era o objetivo maior da “conquista”. A história reconstrói outra tragédia. João perde novamente a cabeça.

 

BIBLIOGRAFIA

 

BALCÁRCEL, José Luiz, “Estructura y cultura - dos conceptos fundamentales de la historiografia contemporánea em su aplicación na America Latina”. In; America Latina: historia y destino: homenaje a Leopoldo Zea. Universidad Nacional Autonoma de México, vol. I, 1992.

 

BRETON, Holand. “Lês Ethnies”. Paris, Press Universitaires de France”, 1981.

 

Villoro. “Sobre la identidad de los pueblos-America Latina Historia y Destino”. In; America Latina: historia y destino: homenaje a LeopoldoZea. Universidad Nacional Autónoma de México, vol. II, 1992.

 

DURKEIM, Emille. As regras do método sociológico, Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira.

 

GARCILASO DE LA VEGA, Comentarios Reales, Editorial Mercurio S/A., Lima, Peru, 1970.

 

VILLORO. Sobre la identidad de los pueblos-America Latina Historia y Destino: Homenaje a Leopoldo Zea, Universidad Nacional Autónoma de México, 1992, Volume II.

 

Resumo:
Esse ensaio busca na obra de Garcilaso de la Vega, Comentarios Reales, apreender elementos do conflito de identidade de um inca, que viveu por vinte anos com sua família materna e ao se deparar com os valores europeus, costumes, religião, etc. incorpora-os, de forma contraditória, através das representações simbólicas das duas culturas, ora manifestando orgulho de ser um inca, ora legitimando a dominação espanhola no Peru. E, a partir da convivência com os seus ascendentes espanhóis, passa a usar o nome do pai.
 

Palavras chaves: conflito interétnico, identidade, representação simbólica


* Professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Departamento de Ciências Sociais, UFRJ.

** Professora da Escola de Serviço Social, Departamento de Fundamentos, UFRJ.



NOTAS

[1] Etnia seria “um grupo de indivíduos  ligados por um complexo de caracteres comuns – antropológicos, lingüísticos, político-históricos, etc. – cuja associação constitui um sistema próprio, uma estrutura essencialmente cultural, uma cultura (Holand Breton , Lês Ethnies, Paris, Press Universitaires de France, 1981, pág; 8,   in: Villoro – Sobre la identidad de los pueblos-America Latina Historia y Destino: Homenaje a LeopoldoZea, Universidad Nacional Autónoma de México, 1992, Volume II, pág. 395.

[2] Durkheim, Emille.  As regras do Método Sociológico, Ed. Civilização Brasileira, RJ, 1972, pág. 40.

[3] Villoro, Luiz, obra citada, pág. 398.

[4] Garcilaso de La Vega, Comentarios Reales, Editorial Mercurio S/A., Lima, Peru, 1970, pág. 8.

[5] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 9.

[6] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 24.

[7] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 24 e 25.

[8] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 26.

[9] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 29.

[10] Wachtel, NathanSociedad e ideologia: ensaio de história y antropologia andinas, Instituto de Estudos Peruanos, Lima, 1973, pág. 171.

[11] Wachtel, Nathan, obra citada, pág. 173.

[12] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 74.

[13] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 31.

[14] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 40.

[15] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 41.

[16] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 61.

[17] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág.  61 e 62.

[18] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág.  30,38 e 39.

[19] Garcilaso de La Vega, obra citada, pág. 64 e 65.

[20] Wachtel, Nathan, obra citada, pág. 174.

[21] Wachtel, Nathan, obra citada, pág. 227.

[22] Balcárcel, José Luiz, Estructura y Cultura . Dos Conceptos Fundamentales de la Historiografia Contemporánea em su Aplicación na America Latina, in: America Latina: Historia y Destino: Homenaje a Leopoldo Zea, Universidad Autonoma de México, 1992, vol. I,  pág. 76.

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