LAZER & PODER NA CIDADE DE PEDRO*

 

Eduardo de Oliveira**

 


Foto: Bruno Machado

1. Origens

          Desde a Antigüidade, tem sido costume de inúmeros governantes elegerem um local para passar os meses de verão fora do centro administrativo do Estado. Este hábito, tornado tradição através dos séculos, manteve-se em praticamente todas as monarquias, européias ou não. De Sintra às dachas na Criméia, passando por Versailles, Potsdam, Lago di Garda, ou mesmo pela japonesa Karuizawa, famílias reais (e, em conseqüência, representantes das camadas mais “privilegiadas” da sociedade) adotaram o costume de afastar-se do centro de poder em busca de locais com indiscutível beleza natural e clima agradável. 

Na primeira monarquia americana esta tradição não foi esquecida. Dom Pedro I, que se esforçou por estabelecer costumes das cortes européias no Brasil – adotando, por exemplo, um rigoroso cerimonial palaciano ou distribuindo títulos de nobreza – também projetou um local para onde o poder pudesse ser transferido durante o verão. Ele idealizou até mesmo o nome do que viria a ser a sua nova residência – o Palácio da Concórdia. Tal como na Europa, o palácio não poderia ser erguido em local insalubre ou muito distante da capital. A serra fluminense foi a região escolhida – devido à fazenda do padre Corrêa (hoje Corrêas, no segundo distrito de Petrópolis), que o imperador conheceu durante uma viagem a Minas, em 1822. Devido aos “bons ares” da região, ele lá se hospedava constantemente, até 1829, quando tentou adquirir a propriedade. Frente à resistência dos donos, foi aconselhado a comprar uma fazenda vizinha – a Fazenda do Córrego Seco (cuja área corresponde, aproximadamente, ao atual primeiro distrito de Petrópolis). Dom Pedro, com efeito, adquiriu o imóvel e chegou a encomendar projetos para a edificação do Palácio da Concórdia; planos que, devido à abdicação, em 1831, nunca saíram do papel. Por herança, Córrego Seco passou, anos mais tarde, a pertencer a dom Pedro II – herdeiro também da idéia de erguer o palácio de veraneio.

 

Enquanto na Europa muitas cortes de verão surgiram a partir de pequenas vilas, não foi esta a solução brasileira: a região escolhida não tinha qualquer tipo de núcleo urbano – sendo ocupada apenas por fazendas. Em Córrego Seco, a principal edificação resumia-se à casa-sede. Ou seja: o palácio, a vila e posteriormente a cidade, com suas belas e sofisticadas edificações, surgiriam praticamente do nada. No início do segundo reinado, no local escolhido para a construção do palácio (e onde hoje se espraia o chamado centro histórico de Petrópolis) não havia mais que pequenas plantações e floresta. Foi proposta do então presidente da província, Aureliano Coutinho, que se estabelecesse uma colônia agrícola nas imediações da nova residência de dom Pedro – a Imperial Colônia de Petrópolis, criada por lei provincial em 16 de março de 1843, considerada a data oficial de fundação da cidade. 

A idéia do nome da colônia foi de Paulo Barbosa, mordomo da casa imperial. Ele teria, segundo historiadores petropolitanos, se inspirado em São Petesburgo, antiga capital russa, assim chamada em homenagem ao czar  Pedro, o Grande. Esta idéia teve mais tarde um desdobramento quando da escolha do nome da vizinha Teresópolis, onde está embutida uma homenagem à imperatriz Teresa Cristina. Criada a partir das idéias de um imperador e das deliberações de outro, Petrópolis mantém ainda hoje fortes laços com a tradição monarquista: descendentes de dom Pedro ainda vivem no Palácio Grão-Pará [1] . A residência fica próxima do Museu Imperial, o antigo palácio do monarca. O museu hoje guarda o mais completo e precioso acervo sobre o império. Perto dali, na catedral São Pedro de Alcântara, estão os restos mortais de dom Pedro II, da imperatriz Tereza Cristina, da princesa Isabel e do conde D’Eu. Nos monumentos, nos prédios históricos e até nome dos logradouros também se reflete esta tradição: a principal via da cidade é a Rua do Imperador e uma de suas principais transversais é a Rua da Imperatriz, onde se localiza o Museu Imperial. Junto à confluência destas vias está a principal praça, a Dom Pedro, onde uma estátua homenageia o monarca. 

Observações sobre o planejamento da colônia são importantes na medida em que caracterizam Petrópolis como tendo uma origem bastante distinta da grande maioria dos centros urbanos no Brasil. O projeto ficou a cargo do major engenheiro Júlio Frederico Koeler. Alemão, ingressado no exército brasileiro em 1839, tornou-se arrendatário da Fazenda do Córrego Seco em 1842. Koeler elaborou a planta da colônia, definindo o local das ruas e praças, dividindo os lotes para arrendamento e definindo as regras de ocupação – no chamado “Plano Koeler”. Tratava-se de uma normatização da ocupação (vedando, por exemplo, a construção em encostas, junto às margens dos rios etc). Basicamente, previa o estabelecimento de um centro comercial cercado por bairros residenciais, onde colonos (notadamente imigrantes alemães, que chegariam em 1845 e marcariam a história petropolitana) deveriam desenvolver agricultura ou atividades artesanais. 

Petrópolis cresceu rapidamente. Em apenas 14 anos, passou de colônia a vila, de vila a freguesia e de freguesia a cidade, por lei provincial. Em 1857, quando foi elevada à categoria de cidade, já tinha uma população fixa de seis mil pessoas, um número bastante superior ao da maioria das cidades do Brasil – e que aumentava nos meses entre outubro e março de cada ano, devido aos veranistas [2] . Com base na legislação de 1859, passou a contar com os privilégios de manter sua própria câmara de vereadores e um fórum. O projeto inicial, desenvolver uma colônia agrícola, malogrou. Mas o crescimento acentuou-se nas pequenas indústrias (sobretudo têxteis), no comércio (em sua maior parte nas mãos de imigrantes alemães) e numa florescente rede hoteleira, que crescia na medida em que aumentava a demanda de veranistas. A partir de 1854, com a inauguração do trecho inicial da primeira ferrovia do Brasil (Inhomirim-Raiz da Serra) o tempo de viagem entre a capital e a cidade imperial reduziu-se bastante (para aproximadamente quatro horas), facilitando ainda mais o fluxo de visitantes. A viagem era feita de barco, entre o Rio e o Porto de Mauá, na Baía da Guanabara. Dali seguia-se de trem até a Raiz da Serra, de onde se partia em diligências para Petrópolis. Ao longo dos anos, a ferrovia foi se estendendo serra acima – e finalmente, em 1883 o trem chegaria à cidade imperial.

 

Os fatos ligados à origem da cidade permanecem na forma de tradição: está nos livros de história local a evocação da constante presença do imperador, anualmente, na “sua” cidade. Entre a fundação da colônia e a proclamação da República iriam se passar 46 anos. Dom Pedro II passaria 35 verões no seu palácio serrano [3] . A última temporada foi interrompida pelo movimento que culminou com a proclamação da república. Já no exílio, em 1890, iria escrever ao Brasil pedindo: “Mandem-me notícias da minha querida Petrópolis”.

 

2. O refúgio

 

Mais do que uma cidade de veraneio para o imperador, Petrópolis parece ter sido idealizada, construída e administrada para ser também uma espécie de “refúgio”, um contraponto às mazelas da capital. Um refúgio, portanto, não apenas para a família imperial, mas para quantos pudessem arcar com as despesas de hospedarem-se nos hotéis ou, melhor ainda, manter uma casa na nova cidade. Desconforto e até ameaças constantes – reais ou não – para os moradores do Rio (falta de infra-estrutura sanitária, epidemias, revolta de escravos, ataque estrangeiro etc) não existiam na cidade de Pedro que, conseqüentemente, oferecia bem melhores condições de vida: clima ameno, saneamento, ruas largas, limpas e arborizadas, belezas naturais, regularidade dos serviços públicos, proximidade da capital etc. Tais fatores eram motivos para a cidade ser eleita pelo imperador e pela “elite” do país, em detrimento de outras possibilidades, como o melhor lugar para se passar o verão – tal como, no primeiro reinado, o foram as chácaras e fazendas nos arredores da corte.

 

Enquanto o Rio prosseguia convivendo com os inconvenientes de uma metrópole que crescia sem planejamento e com a já citada falta de infra-estrutura sanitária, dentre outros males, ainda tinha de enfrentar também o fato de ser o alvo natural de insurreições políticas. Um dos maiores exemplos foi a Revolta da Armada, em 1893, quando a capital da república foi bombardeada e declarada cidade aberta. Aliás, devido à fragilidade na manutenção de comunicação entre o Rio e a capital fluminense, constatada neste episódio, Petrópolis passou a ser naquele ano, e até 1903, a capital do Estado do Rio, em substituição a Niterói.

 

Para definir melhor este contraste entre o Rio e a cidade de Pedro, talvez seja válido citar exemplos de como o desenvolvimento da nova urbe podia impressionar a opinião pública da época – e, talvez, fazer uma breve idéia do que poderia viver, no imaginário popular, em referência a Petrópolis. Eduardo e Henrique Laemmert (responsáveis pelo Almanaque Laemmert, sucesso editorial ao longo de todo o segundo reinado) publicaram, em 1862, um guia [4] para viajantes que dava a tônica das disparidades entre a capital e o “refúgio” do imperador:

 

Em todos os países onde existem lugares periodicamente visitados por motivos de devoção, curiosidade, divertimento ou melhoramento de saúde em razão da salubridade do clima [...] se escrevem guias [...] O Brasil até agora nada teve e nada precisava ter neste gênero, visto a dificuldade de comunicações; mas a adoção dos caminhos de ferro e a maior freqüentação (sic) de certas residências de verão, especialmente as de Petrópolis, a mais aprazível e acessível de quantas existem nas serras circunvizinhas [...] (Almanaque Laemmert, p. 19)

 

 

         Páginas depois, os autores do Guia para Viajantes escrevem:

 

Petrópolis é o lugar da terra que talvez melhor mereça, do que qualquer outro, ser intitulado de paraíso terrestre [...] Ora, em todo o Brasil, a que ponto se poderá chegar tão bem transportado quanto a Petrópolis? [...] Duvidamos haja no Rio de Janeiro uma (rua) sequer que possa se sustentar à comparação (com as ruas de Petrópolis). Porém, não nos demoremos sobre comparações que abalariam o sossego de espírito, principal encanto dessa morada colocada um tanto acima das paixões e inquietações da capital. [...] Mesmo em extremo sadia, Petrópolis veio a ser estação não só de convalescentes, mas para casos desesperados. Os médicos do Rio de Janeiro, esgotada sua ciência, mandam para lá os moribundos. Realmente alguns casos milagrosos acreditaram tal prática. (Almanaque Laemmert, p. 21, 27, 34 e 51)

 

 

Os autores, aliás, pretenderam ainda enumerar os motivos para o crescimento da cidade:

 

Diversas causas têm concorrido para essa improvisada prosperidade de Petrópolis na localidade que uma estação primaveral durante o estio na Serra dos Órgãos, à menor distância que Nova Friburgo e de mais fácil e pronto acesso que o sítio do March [5] ou qualquer outro vale da serra induziria a escolher: 1º – A residência da corte, da diplomacia e da classe abastada; 2º – O estabelecimento de colégios bem dirigidos para ambos os sexos;  3º – O refúgio que ali se achava contra a febre amarela; 4º – O empório do comércio [...] (Almanaque Laemmert, p. 83)

 

Várias outras referências a respeito da cidade foram feitas em almanaques e jornais, ainda na segunda metade do século XIX, no Brasil e no exterior. Também na literatura, o nome da cidade marcava presença no século de sua fundação. Estando presente, como cenário, no conto Petrópolis, de Machado de Assis [6] ; na fala de personagem que toma a “barca para Petrópolis”, no romance Cinco Minutos, de José de Alencar; e, entre outros, em Lima Barreto que ao exaltar as  virtudes da população marginal da capital, fazia ataques à burguesia da época “confessando”: “Eu odeio Petrópolis”. Uma referência, no entanto, era unânime: passar o verão na cidade de Pedro era privilégio de poucos – e os tantos que aspiravam ascensão na pirâmide social não mediam esforços para manter um palacete, uma vila ou mesmo um quarto de hotel na cidade, entre os meses de novembro e março de cada ano.

 

1.2 A sala de visitas do Brasil

 

Durante largo período, veranistas e visitantes ilustres, brasileiros e estrangeiros, famosos ou não, inevitavelmente passavam pelo menos alguns dias em Petrópolis. Um dos mais antigos registros é de 1861, quando Maximiliano da Áustria (que viria a ser imperador do México) visitou o Palácio Imperial. Ao longo da história da cidade, outras cabeças coroadas marcariam presença: Balduíno da Bélgica (1920); o destronado Carol I, da Romênia (1944/1945); Olavo V, da Noruega (1967); e os reis da Suécia, Gustavo e Sílvia (1984).

 

O status da cidade imperial como referência de sofisticação e de qualidade de vida não se alterou com a proclamação da república. O papel de “refúgio” manteve-se ou até mesmo ampliou-se. A cidade prosseguiu, mesmo após 1889, como a melhor alternativa à vida no Rio no verão e, mais que isso, como a referência do poder, até porque os novos chefes de Estado também mantiveram o hábito imperial: todos os presidentes, de Prudente de Morais a Castelo Branco [7] , passaram pelo menos alguns dias na cidade do imperador durante seus mandatos. Para tanto, outro palácio (o do barão do Rio Negro) foi escolhido para hospedá-los. Perto dele fica o Palácio Itaboraí, que até 1974 era destinado a receber os governadores do Estado do Rio de Janeiro [8] . Da proclamação da república [9] a meados do século XX, a cidade continuaria sendo, a cada ano, o destino de verão das “classes abastadas” e da intelligentsia brasileira.

 

Alguns presidentes tinham casa própria em Petrópolis. Foi lá que Hermes da Fonseca casou-se com Nair de Tefé, em 1910. Nilo Peçanha, também proprietário de uma casa de veraneio na cidade, foi homenageado com busto ainda hoje presente na Praça da Liberdade. Washington Luís fez construir e inaugurou, em 1929, o trecho da BR-040 (Rio-Belo Horizonte) que leva seu nome e que ainda hoje é a principal ligação rodoviária entre Petrópolis e a capital. Na inauguração da estrada, na rua que também leva seu nome, foi inaugurado outro busto, em sua homenagem.

 

As estadias de Getúlio Vargas, que veraneou na cidade em todos os anos do Estado Novo, duravam até seis meses. Foi por sua determinação que, em 1943, no antigo Palácio do Imperador [10] foi criado o Museu Imperial, ainda hoje a maior atração turística local. Juscelino Kubitschek fez uma singular reforma no palácio Rio Negro para receber grande número de membros de sua família, e participou da inauguração do Obelisco dos Colonizadores, em 1957, nas festividades do centenário de elevação de Petrópolis à categoria de cidade. Observando retomar antiga tradição, Fernando Henrique Cardoso também passou fins de semana no Palácio Rio Negro, em 1996 e 1997.

 

Não apenas os presidentes, mas nomes consagrados no Brasil, como Santos Dumont, também mantiveram casa na cidade e ratificaram Petrópolis como um destino singular na história do país. O barão do Rio Branco adquiriu uma propriedade na avenida que hoje leva seu nome [11] – e nesta casa promoveu a solenidade de assinatura do chamado Tratado de Petrópolis (1903), que regularizou a incorporação do Acre ao território brasileiro. Bem perto dali está a única residência que o barão de Mauá construiu para sua propriedade – um palacete fronteiriço ao Palácio de Cristal. Durante a I Guerra Mundial, em 1917, Ruy Barbosa fez seu célebre discurso incentivando o alinhamento do Brasil com os aliados no Teatro de Petrópolis. E foi na sua casa de veraneio na cidade que viria a falecer, em 1921.

 

Como “sala de visitas”, Petrópolis exerceu um pitoresco – e pouco conhecido –papel nas relações do Brasil com o exterior. Ao longo da 1ª República (1889 – 1930), cerca de 30 países (inclusive a Santa Sé, que somente em 1923 se constituiria no Estado do Vaticano) mantiveram as suas representações diplomáticas em Petrópolis, de onde seus chefes – mormente os dos países europeus e os norte-americanos, certamente menos afeitos ao clima mais quente do Rio – só se ausentavam por absoluta necessidade. Em alguns casos, as embaixadas, missões e legações diplomáticas funcionavam em palacetes (neste caso encontravam-se  a Inglaterra, a França, a Itália, a Alemanha, a Rússia e os Estados Unidos). Países cujas representações eram menores, limitando-se em geral ao embaixador, sua família e poucos auxiliares (caso de Portugal, do Uruguai e do Chile) mantinham-se em construções menores. Quando a representação limitava-se a apenas um diplomata (como a Noruega e a Santa Sé), ele, em regra, residia num dos hotéis da cidade, (quase sempre no Hotel Majestic, considerado de qualidade superior). Foi somente após a Revolução de 1930 que as embaixadas e legações estrangeiras foram deixando a cidade imperial e se transferindo para a capital federal.

 

E não seriam os diplomatas os únicos estrangeiros de “destaque” que residiram em Petrópolis. Vale registrar que foi quando exercia as funções de consulesa do Chile, estando na cidade imperial, em 1945, que a poetisa Gabriela Mistral recebeu a comunicação de que fora agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura. O cientista Peter Medawar, prêmio Nobel de Física em 1954, de ascendência britânica, nasceu em Petrópolis em 1929 e morou na cidade até os 14 anos de idade [12] . Já o escritor austríaco Stephan Zweig fugiu da guerra na Europa, em 1939, e adquiriu casa na cidade – onde viria a suicidar-se, em 1941. Ele é o autor do clássico Brasil, Pais do Futuro.

 

Em 1913 o então ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt visitou Petrópolis, tal como também fariam os presidentes da Bolívia, Henrique Peñarada e o do Paraguai, Higino Moringo (ambos em 1943). O governador-geral do Canadá, Harold Alexander visitou Petrópolis em 1954. Representantes dos Estados americanos se reuniram na cidade em setembro de 1947, na Conferência Interamericana de Manutenção da Paz, no Hotel Quitandinha. O encontro contou, entre outros, com as presenças de Harry Truman, presidente dos EUA, e de Evita Perón, que chefiou a delegação argentina.

 

O Quitandinha teve vida efêmera como o maior hotel-cassino da América. (1944-1946), registrando, no período, a hospedagem de personalidades estrangeiras famosas. Entre outras, os consagrados artistas de Hollywood, Errol Flynn, Orson Welles e Bing Crosby. Além deles, Walt Disney e Carmem Miranda, que promoveriam no teatro do hotel, em 1945, uma festa de “lançamento” do personagem Zé Carioca, que foi usado como símbolo da chamada “política da boa vizinhança” norte-americana.

 

Na vivência de papel cosmopolita, Petrópolis também abrigou facções de algumas tendências políticas nacionais – ou, ainda, da política externa brasileira – durante a República Velha e mesmo no período Vargas. Ainda nos anos 10, Petrópolis já se destacava como pólo fabril e foi sede, pelo menos, de um núcleo comunista e de outro anarquista, ambos formados - principalmente - por operários espanhóis e italianos (expulsos de seus países, imigrados para o Brasil e, posteriormente, demitidos de fábricas no Rio). Na década de 30 os comunistas em Petrópolis estavam organizados em número suficientemente para enfrentar, pela força, os participantes do II Congresso Nacional do Partido Integralista, realizado na cidade em 1935, com a presença do “chefe supremo” Plínio Salgado. O enfrentamento deu-se numa briga de rua que deixou como saldo negativo uma vítima fatal e vários feridos. Nas eleições de 1946, o candidato do Partido Comunista à presidência da República foi Yêdo Fiúza, um ex-prefeito de Petrópolis. Nesta eleição, Eurico Gaspar Dutra impôs derrota a Fiúza e ao também petropolitano Eduardo Gomes, candidato pela UDN.

 

 Ainda na década de 30 o Partido Fascista italiano fundaria uma sede na Rua do Imperador (1933). No ano seguinte, o Partido Nazista estabeleceu em Petrópolis um Stutzpunkt (“ponto de apoio”), subordinado ao núcleo do NSDAP - Ausland [13]  do Rio, responsável por comícios e aulas de “doutrinação política” que reuniam centenas de pessoas, notadamente petropolitanos que descendiam de imigrantes alemães. Ambas as representações desapareceram com o advento do Estado Novo.

 

1.3 Muito perto do Rio, muito longe do Brasil.

 

Mesmo uma breve reflexão sobre Petrópolis permite descortinar que a cidade imperial tem substantivas diferenças em relação à estrutura dos demais centros urbanos do país, ocupando nele um espaço impar, não apenas no que tange a sua origem mas também ao seu ulterior desenvolvimento.

 

O planejamento urbano, como já foi dito, pode ser apontado como uma primeira diferença na comparação entre Petrópolis e outras cidades do mesmo porte no país. Poucas foram as cidades brasileiras que contaram com algum tipo de esquematização prévia de ocupação [14] – e, ainda assim, nenhuma delas foi erguida com o objetivo latente de assumir o papel de “refúgio” ou “sala de visitas” que Petrópolis ostentou ou, que ainda ostenta, para muitos veranistas.

 

Como regra, a origem das cidades brasileiras não passa pelo planejamento. Sérgio Buarque de Holanda (1937) aponta toda uma série de características históricas e conjunturais do país e de seus habitantes, sobretudo na análise da história colonial. Nela, o autor coteja as tradições portuguesa e espanhola na ocupação da América Latina, apontando a característica maior dos hispânicos “ladrilhadores” (“amantes da linha reta”, organizadores, planejadores de cidades) em contraponto aos portugueses “semeadores” (cujas cidades cresceram sem qualquer esquematização prévia que não a de defesa militar).

 

A cidade que os portugueses construíram na América não é produto mental, não chega ao quadro de contradizer o quadro da natureza e sua silhueta se enlaça com a linha da paisagem. Nenhum rigor, nenhum método, nenhuma previdência, sempre este significativo abandono que exprime a palavra ‘desleixo’ – palavra que o escritor Aubrey Bell considerou tão tipicamente portuguesa como ‘saudade’ e que, no seu entender, implica menos falta de energia do que  uma íntima constatação de que ‘não vale a pena’ .(Holanda, p.110).

 

É fato que Petrópolis não nasceu no período colonial. Mas, ainda na comparação sugerida, fica a pergunta: e para as demais cidades brasileiras, surgidas após o 7 de setembro, houve efetivamente algum tipo de planejamento ou, pelo menos, processo diferenciado daquele que estabeleceu a tradição colonial? E, considerando a distinção entre o planejamento urbano de cidades inexistentes e pré-existentes, talvez seja válido questionar: onde a fundação de cidades brasileiras, seja no império, seja na república, diferenciou-se fundamentalmente desta tradição colonial, senão em escassos exemplos?

 

O Plano Koeler surge assim, neste cenário de há 160 anos, como uma das raras exceções. E ainda guarda algumas outras características específicas. A primeira é a disposição do centro comercial (com os prédios e serviços públicos) cercado pelos bairros residenciais. O centro, com o passar dos anos, torna-se igualmente residencial. Mas apenas para a classe abastada: a referência do palácio do imperador e da presença dos serviços públicos, somados ao fato de a região ser das poucas grandes áreas planas da cidade, valorizou os imóveis. Somente a elite econômica podia se dar ao luxo de erguer casarões e palacetes no centro. Esta parte da cidade continuaria “vedada” ao petropolitano comum, cuja opção de moradia é o bairro.

 

Esta divisão, mais que geográfica, faz supor uma divisão social específica, um elemento estrutural que contrapunha o elemento local à “sofisticação” e “evolução cultural” dos veranistas. É difícil avaliar as conseqüências do processo, ao longo de décadas, que se constituía este contato anual, que durava alguns meses, entre o morador (“provinciano”, não raro empregado, “subordinado” e apegado às “tradições” locais) e o veranista (cosmopolita, sofisticado e rico). Mais difícil que avaliar este processo, porém, é ignorá-lo como mais um possível fator de divisão social e de influência nos processos políticos locais.

 

Há que se considerar uma segunda característica específica da cidade, em comparação a outros municípios brasileiros: a sua vocação industrial. Enquanto a tendência agrária perdurou no país pelo menos até meados do século XX, a cidade imperial já no século XIX desenvolvia-se sob a vertente da indústria de pequeno e médio porte (sobretudo cervejarias), mas também das grandes fábricas (especialmente do ramo têxtil). O surgimento de fábricas devia-se principalmente à autonomia das indústrias quanto ao suprimento de energia elétrica (gerada a partir das quedas d’água, que são comuns na região, devido ao acidentado relevo). Com isso, o município recebeu empresas de grande porte, levando-se em conta os padrões de cada época. A Companhia Petropolitana, em Cascatinha, por exemplo, foi fundada em 1883 e chegaria a ter mais de dois mil empregados, tal como a São Pedro de Alcântara, erguida em 1888. Também têm destaque neste cenário a Fábrica de Papel do Itamaraty e as fábricas têxteis Cometa e Santa Isabel (dentre outras), com centenas ou mais de mil empregados. O sindicato dos Têxteis, na década de 1950-1960, teria quase 20 mil afiliados.

 

O contingente de trabalhadores em Petrópolis, no século XIX e até a primeira metade do século XX, estava empregado, sobretudo na indústria, comércio e prestação de serviços – e não no campo ou na administração municipal, como ocorria (e ocorre) em outros municípios do mesmo porte. É natural admitir que, em virtude disto, também as práticas sociais na cidade imperial seriam diferenciadas do quadro geral nacional.

 

No que diz respeito ao poder político, surge, por fim, um terceiro aspecto de diferenciação – que (ao contrário da “segmentação” econômica que opunha o morador ao veranista) aproxima a cidade do Estado, criando uma outra estrutura específica para Petrópolis no cenário nacional. Obras que analisam a estrutura de divisão do poder no país apontam para a existência histórica de poderes locais que se sobrepunham ao poder central. Oliveira Vianna, por exemplo, enxerga mesmo nesta estrutura, criada a partir da colônia, a explicação para um fenômeno tipicamente nacional: o “coronelismo” – onde as correntes políticas locais exercem o poder mais efetivamente que o poder central. [15]

 

Em Petrópolis, porém, o processo foi exatamente o inverso. A presença constante do imperador e, mais tarde, dos presidentes, parece ter sido o principal motivo para a inexistência de expressivas lideranças políticas locais. A própria fundação da cidade, no Império, foi baseada numa determinação do Estado. A ingerência direta da família imperial fez surgir não apenas a cidade, mas alguns dos principais prédios públicos [16] . Graças à presença do imperador, em 1853 Petrópolis foi a primeira cidade brasileira a manter ligação telegráfica regular com o Rio [17] . Antes mesmo de se transformar em cidade, Petrópolis era o alvo da primeira fase da primeira linha férrea do Brasil (1854), que pretendia ligar a corte a Minas Gerais. A primeira locomotiva, porém, só chegaria à Rua do Imperador, em 1883: foram 30 anos de obras para vencer os 700 metros de altura, no terreno inclinado entre a cidade e a Raiz da Serra. A primeira composição chegou em meio a uma solenidade festiva, e trazia, naturalmente, a comitiva imperial para mais uma temporada de veraneio. No ano seguinte, em solenidade no Palácio de Cristal, a princesa Isabel antecipou-se em quatro anos à lei Áurea e alforriou todos os escravos da cidade (cerca de 300).

 

Nos seus primeiros 50 anos como município autônomo, Petrópolis foi administrada pela Câmara Municipal e os vereadores eram diretamente ligados às lideranças políticas do Rio. A elevação da cidade à condição de capital do Rio de Janeiro (1893-1903) fez com que Petrópolis entrasse definitivamente para o cenário político estadual, ao lado de Campos e Niterói. Foi eleito neste período o único governante do Estado do Rio cuja base política era Petrópolis (Hermogêneo Silva), apesar de seu nome estar sustentado, na disputa, por correntes ligadas ao governo federal [18] .  Nos anos 10, Nilo Peçanha empenhava-se pessoalmente nas eleições para a Câmara, em paralelo a seus interesses como ministro, senador e, mais tarde, presidente da República. O primeiro prefeito petropolitano somente tomou posse em 1918 [19] e, mesmo assim, nomeado pelo governo federal. As primeiras eleições diretas para prefeito em Petrópolis só aconteceriam na década de 20 – e, novamente, sob forte influência das esferas do governo federal.

 

A presença efetiva ou simbólica do poder central prosseguiu pelo menos até o governo militar. Petrópolis (tal como Volta Redonda) foi “elevada” à condição de “município de segurança nacional”, uma vez que poderia, dada a tradição do veraneio, constar na agenda dos presidentes-generais. Entre 1964 e 1968, nada menos que três prefeitos eleitos foram afastados de seus cargos e substituídos por interventores nomeados por Castelo Branco e Costa e Silva [20] . A cidade só deixou de ser considerado “município de segurança nacional” no fim do governo de João Batista Figueiredo (1979-1980), proprietário do sítio do Dragão, no distrito petropolitano de Nogueira, onde costumava passar férias [21] .

 

A ingerência do Estado nas questões municipais mostra que, ao contrário de outras cidades brasileiras (mesmo algumas capitais), em Petrópolis os processos de disputa pelo poder não passaram pelo surgimento de lideranças ou correntes políticas locais [22] . Numa restrição apenas ao exemplo já citado: o fenômeno do “coronelismo”, uma constante no cenário nacional, não pode ser observado, pelo menos nas suas características essenciais, na história política de Petrópolis. Da mesma maneira, é possível considerar que fenômenos políticos que caracterizaram o cenário político nacional estiveram ausentes ou, pelo menos, processaram-se de maneira muito diferente na cidade imperial.

 

NOTAS

 

[1] Todas as transações imobiliárias efetuadas no primeiro distrito de Petrópolis (correspondente à antiga área da Fazenda do Córrego Seco) têm agregadas ao seu valor uma taxa de laudêmio (de 2% a 3% do valor total da transação). O laudêmio  legalmente se baseia  no chamado sistema de “enfiteuse”. Os valores arrecadados são repassados à Companhia Imobiliária de Petrópolis, sediada no antigo palácio da princesa Isabel e pertencente aos descendentes da família imperial que moram na cidade.

 

[2] Naquela altura Petrópolis possuía 72 lojas e armazéns de molhados; seis hotéis; dois açougues; dois botequins com bilhares; 13 bilhares; seis cocheiras de alugar cavalos; quatro cocheiras de alugar carros; 12 oficinas de ferreiro; 13 de calçado; sete  correeiros; seis padeiros; quatro marceneiros; sete alfaiates; cinco fábricas de charutos; três modistas; três barbeiros; três relojoeiros; três fábricas de cerveja; seis de licor; dois moinhos de fazer fubá. Havia cinco  escolas regidas por professores alemães [...]; três escolas públicas de língua portuguesa e  quatro colégios particulares” (Vasconcelos, 2002).

 

[3] Em quase meio século de governo, dom Pedro não passou o verão em Petrópolis apenas em 12 anos: entre 1840 e 1843 (antes, portanto, da fundação da colônia); entre 1843 e 1847 (o palácio ainda não tinha condições de abrigar hóspede); e durante a Guerra do Paraguai (1864-1870)

 

[4] TAUNAY, Carlos. “Viagem Pitoresca a Petrópolis”. Rio de Janeiro, Laemmert, 1862 – in Reendição de Quatro Obras Raras. Petrópolis. 2ª ed.,. Anuário do Museu Imperial, Gráfica Serrana, 1995

 

[5] Atualmente corresponde ao município vizinho de Teresópolis.

 

[6] Destaque-se que foi no primeiro periódico petropolitano, O Parahyba, que Machado de Assis estreou no jornalismo:  “[...] O infatigável pesquisador José Galante de Souza – autor da monumental bibliografia Fontes para o estudo de Machado de Assis (I.N.L., RJ, 1969) –, revirando estantes empoeiradas, descobriu, na Paraíba, jornal que um certo Augusto Emiliano Zaluar editava em Petrópolis, um polêmico artigo assinado, em 1859, por Machado de Assis. À época ele estava com 20 anos.” (ALVES FILHO, Aluízio, “Machado de Assis e as querelas públicas”. Estado de São Paulo, 13 de junho de 1987).

 

[7] Além dos presidentes, o primeiro-ministro Tancredo Neves, que passou na cidade o carnaval de 1962, e Ulysses Guimarães (quando presidente em exercício), que veio ver de perto os estragos causados pelas enchentes de fevereiro de 1988. Registre-se ainda que o presidente João Figueiredo (1979-1985) era proprietário de um sítio em Petrópolis.

 

[8] Foi em Petrópolis que morreu o governador fluminense Roberto Silveira (1961), vítima de um acidente de helicóptero ocorrido no Palácio Rio Negro.

 

[9] Com a proclamação da República, vários logradouros, cujos nomes faziam referência à monarquia (como o Largo de Dom Afonso ou Rua Dona Januária) tiveram seus nomes alterados. A Rua do Imperador passou a chamar-se Avenida 15 de Novembro, mas o nome original foi retomado por decreto municipal em 1979.  Curiosamente, importantes logradouros do centro histórico ainda hoje mantêm significativos nomes “republicanos”, sendo alguns deles as mais importantes transversais ou ligações da Rua do Imperador, como a Avenida Tiradentes (paralela à Rua da Imperatriz), a Marechal Deodoro e a Marechal Floriano. Ironicamente, a Rua do Imperador começa na Praça da Inconfidência e termina na confluência ruas Washington Luís e (antiga) João Pessoa. Também no centro histórico fica a Sete de Abril (data da abdicação de dom Pedro I).

 

[10]  Desde a proclamação da República o imóvel estava alugado para um colégio católico.

 

[11] A Avenida Barão do Rio Branco originalmente fazia parte da Estrada União e Indústria, inaugurada em 1876 e considerada a primeira rodovia do Brasil.

 

[12] Cientistas de renome, como Albert Einstein (1925) e Guglielmo Marconi (1935) também visitariam a cidade.

 

[13] Departamento do Partido Nazista voltado para propaganda política fora da Alemanha.

 

[14]   Belo Horizonte e Brasília são duas expressivas exceções a regra.

 

[15] Em Oliveira Vianna as expressões “aristocracia rural” e “potentado local” (1920) são as mais usuais. O termo “coronelismo” para definir o citado centro de poder tornou-se categoria recorrente por parte dos cientistas políticos e demais estudiosos dos fenômenos sociais a partir do livro de Victor Nunes Leal: O município e o regime representativo no Brasil – contribuição ao estudo do coronelismo (1948). Na segunda edição em outras posteriores  o título do livro foi mudado para Coronel, enxada e voto.

 

[16] Como é o caso do palácio da princesa Isabel, que também se empenhou pessoalmente na construção da catedral de São Pedro de Alcântara, em frente à sua residência, a partir de 1876. O conde, aliás, antes disso iria erguer, em homenagem à esposa, o Palácio de Cristal, imitando o modelo da Exposição Internacional de Londres de 1854, hoje um cartão-postal da cidade.

 

[17] Dom Pedro II também foi o proprietário do primeiro telefone do Brasil, adquirido na sua visita à Exposição Internacional dos Estados Unidos (1877), diretamente de Graham Bell. A linha ligava seu palácio em Petrópolis ao palácio da Quinta da Boa Vista.

 

 

[18] A respeito ver MONTEIRO, Rui, 1990.

 

[19] O sanitarista Oswaldo Cruz, nomeado pelo então ministro Nilo Peçanha.

 

[20] O último prefeito cassado foi o arquiteto Paulo Gratacós (MDB), eleito em 1966. Uma declaração sua foi divulgada na imprensa local no dia 17 de outubro de 1968, quando governava o país a Junta Governativa que substituía o presidente Costa e Silva, que Gratacós recebera no Rio Negro, no ano anterior: “Antigamente, Petrópolis se orgulhava de receber os chefes de Estado. Hoje, os chefes de Estado é que devem se orgulhar de vir a Petrópolis”. Foi cassado no dia seguinte. Seria reeleito, 20 anos depois.

 

[21] Curiosamente, os governadores fluminenses deste período eram proprietários de imóveis em Petrópolis, onde constantemente passavam fins de semana ou férias. Amaral Peixoto (1976-1982) foi dono de sítio em Pedro do Rio. Leonel Brizola (1982-1986 e 1990-1994), dono de sítio em Itaipava. Também foram veranistas os ex-governadores Moreira Franco (1986-1990), no sítio que pertencera a Amaral Peixoto; e Marcello Alencar (1994-1998), dono de uma casa no bairro Carangola.

 

[22] A forte ligação com o Rio fez com que surgisse, no início do século XX, um movimento popular que propunha a incorporação de Petrópolis ao Rio, então Distrito Federal. A iniciativa, que ganhou força no Estado Novo,  congregou milhares de moradores. Nunca chegou a ser analisada seriamente pelo governo.

 

BIBLIOGRAFIA

 

ALVES FILHO, Aluízio. “Machado de Assis e as querelas públicas. O Estado de São Paulo, 13 de junho de 1987.

COSTA, Sérgio Corrêa da. Brasil, segredo de Estado, Rio, Record, 2001.

HOLANDA, Sérgio Buarque, Raízes do Brasil. S. Paulo, Companhia das Letras, 2003.

LAEMMERT, Eduardo e LAEMMERT, Henrique (orgs.).  Almanaque Laemmert, 1862.

LEAl, Victor Nunes. O município e o regime representativo no Brasil – contribuição ao estudo do coronelismo. Rio de Janeiro, Revista dos Tribunais, 1948

MONTEIRO, Rui. Eleições municipais em Petrópolis (1922-1989). Petrópolis, Gráfica Serrana, 1990.

TAUNAY, Carlos. “Viagem Pitoresca a Petrópolis”. Rio de Janeiro, Laemmert, 1862 – in Reendição de Quatro Obras Raras. Petrópolis, 2ª ed., Anuário do Museu Imperial, Gráfica Serrana, 1995

VASCONCELOS, Francisco de. Revista do Instituto Histórico de Petrópolis, maio de 2002.

VIANNA, Francisco José de Oliveira. Populações Meridionais do Brasil. 1920.

 

RESUMO: O artigo tem por propósito chamar a atenção para um conjunto de peculiaridades da cidade Petrópolis; peculiaridades que levaram a cidade a ocupar um lugar impar no cenário nacional, funcionando como “sala de visitas” e uma espécie de “repouso do guerreiro”, atraindo elites políticas e econômicas desde a sua fundação no 2º Império.

 

PALAVRAS-CHAVE: Tradição, veraneio, elites, planejamento, poder.

 

* Este artigo foi redigido com base em pesquisa elaborada para a dissertação de mestrado intitulada “Guerra e paz nas páginas do Nachrichten: o jornal como agente político e comunitário”, orientada pelo professor doutor Aluizio Alves Filho e defendida em 15 de junho de 2005 no PPGCP/IFCS/UFRJ.

 

** O autor é mestre em Ciência Política (IFCS) e professor do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá.

Fechar